Sou o inferno de minha poesia
que gostaria de ser seca
e impessoal com a da "Salomé
das vossas letras"
o tal de João Cabral...
Os meus versos, se pudessem
se tivessem a independência verbal
que tanto almejam
além da vontade própria
que, de fato, têm
expulsariam do seu corpo
todos os dados que me dizem
biograficamente respetito...
Desde o abutre simbólico
que devora-me literalmente
o fígado metafórico,
até a cinza literal
dos neurônios personalizados
que, uma vez queimados,
infelizmente não se recompõem, ò Deus...
Isto sem mencionarmos aqui
o desejo frustrado de expelirem
de si as débitas apropriações
familiares de que me utilizo
para compor as imagens poéticas
que denomino, arbitrário e autobiográfico
de papai... mamãe...
personagens estes que infelizmente
não são assim tão alegóricos
quantos eles (o papai... a mamãe...)
neste ácido e cunvulsivo contexto
gostariam de ser...
joselindomarcabraldacosta@yahoo.com.br
Parnamirim 09/08/2007