... o tédio realmente é a neve do Nordeste...
Em Açu, a pequena e marasmenta cidade onde
nasci e aonde a vida era e continua sendo
ainda mais besta do que em Itabira,
ele - o tédio - em geral era sempre tão denso
e intenso que perdi as contas das vezes
que, para não ficar entediado, lancei mão
do mesmo, quando este atingia a consistência
de leite condensado e o transformava em grandes
e acinzentados bonecos de algo que se fosse
na Europa em fim de inverno seria chamado
sujamente de neve, e sujamente por causa
da cor de burro sumido dos flocos do dito cujo,
do tédio que, para quem não sabe, é pardo...
Por José Lindomar Cabral
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