Natal, 01 de Janeiro de 2008...
Tudo velho no jantar da festa de ano novo
(nosso clã, por motivos que não dizem respeito aos estranhos,
não participa da hipnótica mentira coletiva
dos que comemoram a data do aniversário de Ninrode
pensando que estão deveras festejando
o nascimento de Jesus Cristo
que nem sequer nasceu no excludente e perdulário mês de Dezembro...
Tudo velho, inclusive o mesmo e inexplicável arroz com passas
dos insepultos (mas esquecíveis) anos anteriores...
E os mesmíssimos (porém adoráveis)
parentes frívolos e insinceros de sempre
que ficaram repetindo o tempo inteiro que eu estava mais magro
quando de fato e infelizmente preciso é perder uns dez quilos...
O bom realmente foi ver Dona Irene Cabral, minha mãe, do cume
dos seus rijos quase oitenta anos, esbanjando saúde
e iluminando a todos os presentes com aquele sorriso sincero
que eu acho o mais lindo e bondoso do mundo....
Também gostei muito de rever e saborear os dourados pernis de cabrito
ao vinho branco, decorados meticulosamente
com metades de limões sicilianos e ramos de alecrim,
e os borbulhantes estampidos dos Laurent-Perrier e dos Cava Jané,
embora este ano (nada consegue escapar ao meu olhar?) tenha reparado
que o número de garrafas de Cava Jané foi,
no mínimo, sintomaticamente
três vezes maior do que as de Laurente-Perrier,
e isto quer dizer o quê(?)
a não ser que estamos ganhando gravidade
e sendo atraídos, de modo gradativo
porém sistemático, ano após ano, para a base da pirâmide social,
ou, para sermos mais exatos, estamos ficando menos ricos,
uma vez que pobres propriamente ditos
são o diabo e seus anjos fedorentos e de asas cor de penas de urubu...
22/01/2008
joselindomarcabraldacosta@yahoo.com.br