Sou um poeta que não fala abertamente
De seus amores
E, por deles não falar, perde leitores...
(Aliás, carnalmente falando,
Sou um homem de um único amor,
Amor valente, corajoso, ardente, eterno
Que não tem medo de dizer abertamente
Que seu objeto de culto chama-se
Docemente Fabiane Maria Paranhos da Costa...)
Entrei no Recanto, não para arrumar amantes,
Mas para provar o quanto é trabalhosa e indomável
A infância terrivel da arte, que os leigos
E os pseudos poetas costumam chamar de Poesia...
Pois é, estou no Recanto para mostrar
O resultado de uma árdua labuta
Apesar de já ter, por exigência impudica
Das letras, falado do brilho, tamanho e diâmetro
De meu “pirulito,” pirulito só se for da cabeça
Pra cima, uma vez que o citado “confeito” está
Mais para algo comprido, robusto e de asas...
Porém, como estava dizendo no início:
Sou um poeta que não fala explicitamente
De seus amores e, por deles não falar, perde leitores...
Mas... que importa!, como diria numa situação
Como esta aquele Alemão bigodudo, genial, embora
Mentalmente perturbado e imprudente,
Que decretou a morte de um Deus que ironicamente
Está vivo e o matou, o tal de Nietzsche...
Eu sou uma porta sempre aberta tanto às vozes
Dos seres do sangue e da rua, quanto
À visitação ainda com hímen da estranheza
E do inusitado, pois não consigo desflorar um tema
Sem fazer com que este, primeiro atravesse em segurança
Os eletrificados portões de aço dos meus nervos
Antes de introduzi-lo nessa espécie de liquidificador
Metafórico, vulgo cérebro, de onde o mesmo,
Depois de triturado, liquefeito e filtrado, é bombeado
Para o canal longo, estreito, nervoso e não-indolor
Que o conduzirá de ponta-cabeça até a ponta destes
Dedos que ainda agora se ressentem da rejeição
Dos pianos de cauda, principalmente dos pianos de cauda,
Dedos estes que o esvairão, ora numa folha geralmente
De papel A4, Ora no Microsoft Word, no Microsoft Word
Uma vez que fui adquirido pelo novo hábito de ejacular
Direta e verbalmente no computador estas substâncias
Que as palavras, às vezes, incorretas e desagradáveis, exigem
(sim, as palavras fazem exigências que me desagradam),
Como por exemplo, elas exigiram no caso destes versos,
Que os intitule absurdamente de esperma incandescente do espírito
Ou de ardentes sucos vagínicos da alma, apesar de sabermos
Que não é correto falar assim de uns seres
Tão vastos, castos, luminosos, sublimes, infinitos, perfeitos...
joselindomarcabraldacosta@yahoo.com.br
17/01/08