Às vezes ela sofre de recordações
Que inundam-lhe de inopino, feito de enchente,
E trazem à tona culpas e desculpas
Porque já foi culpada de ser inocente;
O que recorda cheira a velho porão,
Velho porão pintado recentemente,
Onde se guardam carência e condenação,
Porque já foi condenada por ser carente;
O que recorda soa tal como um refrão
Mal dito e repetido regularmente,
Como quem fala sem autorização,
Porque já foi acusada de ser repetente;
O que recorda tem gosto de boa intenção,
Mas disso o inferno está cheio atualmente,
É pré requisito para acusação,
Porque já foi acusada de ser gente.
lukbatista@bol.com.br
Out/2011