Voz do que clama no deserto da escrita
anunciai aos outros poetas
e aos demais homens de letras:
Endireitai as veredas dos vossos textos
e colocai as vossas canetas
e os vossos teclados
a serviço dos vencidos;
que o vosso brado seja, com ou sem cerveja
um irreversível e resistente testemunho à derrota
pois o tempo urge
e tem soltado longos e lancinantes
mugidos de dor, sim, o tempo muge:
ele é um bovino, parente próximo do finado Anu,
o horrendo touro alado
que Gilgamesh esquartejou e em seguida
atirou uma de suas pernas bem na cara
da depravada Ishtar, sua amante e zoófila psedofilha...
Sim, o tempo clama de maneira ruminante
e mugidora, numa linguagem tão assustadora
e veemente que só os verdadeiros poetas
e os profetas que não são falsos
conseguem entender... Os tempos dizem, estão
a dizer aos ouvidos que ainda não foram sequestrados
pelos deuses, que na verdade
são anjos expulsos do Céu,
que governam secreta e ocultistamente
o mundo de suas bases intraterrenas,
desde que Adão e Eva morreram espiritualmente
ao comerem o fruto, decerto, da Musácea metafórica
uma vez que o clima do Jardim
era impróprio para as macieiras propriamente ditas,
porque os vigaristas "extraterrestres" nada mais são
do que o produto de um ilícito
e abomínavel cruzamento genético
da escamosa e ofídica raça de Node
(o não-assoprado sogro
do vampiro Caim) com a terça parte
das estrelas que foram arrastadas aqui pra baixo
pela cauda de proporções inimagináveis do Grande
Dragão cor de carne... Sim, sim, sim os tempos
dizem, inclusive sobre si mesmos: Nós os tempos
estamos sendo rapidamente consumidos
pelos dias previamente anunciados
que já começaram a ser abreviados
para que os seres biblicamente denominados
de escolhidos sejam socorridos...
Portanto, que tem ouvidos destampados, ainda
capazes de ouvir, ouçam o que o invólucro
desta alma que se chama Lindomar
leia-se
o que este corpo
tem clamado
aos homens que usam suas canetas
e seus teclados
para engordar as sempre obesas,
abduzidas e microchipadas fileiras dos escritores
e intelectuais belzebuínos
que venderam a própria alma
ao Senhor das Moscas
ou Rei dos Condenados
em troca de uma nesga de fama
que não consegue sobreviver sequer
a quinze segundos de eternidade
e de uma grana que nem é tão
comprida assim quanto o diabo (que hoje
atende também pelo tenebroso nome
de Mercado Financeiro Global)
faz com que os ditos cujos, hipinotizados,
imaginem que seja....
joselindomarcabraldacosta@yahoo.com.br