Ás vezes me vêm ímpetos de amar,
e te procuro em meus devaneios,
onde a distância não tem valor e o tempo não arrefece intimidades,
onde toda ilusão é exequível porque toda afetuosidade é insopitável.
Tua imagem acode-me,solícita,excitando-me o sangue e inflamando-me
o coração:
Tez de lisura invejável,de brilho tépido cor de alvorada,
prenunciadora de contingências como a aurora,que prenuncia os dias.
Teus olhos não são olhos de olhar,mas pedras preciosas de admirar:
o castanho do mel puro e o verde da vazante sobre um branco de nácar,
a alvura da pérola e a variedade da ágata...
Teu sorriso ebúrneo,precursor de minhas primícias,arrefece qualquer
amargor,é meia-lua alvissareira que me põe inerme,
esse sorriso capitoso é o paroxísmo de tua graça.
Em um átimo trazes à tona os mais desconcertantes paradoxos:
O prazer de sonhar e a dor de querer;
a lembrança que exalta e não realiza;
a mão que consola e não resolve;
a lágrima que acaricia e que lamenta;
a beleza da arte e a austeridade da vida;
o privilégio de ser humano e o prejuízo de ser imperfeito...
Luciano Correa Batista
lucianoc35@hotmail.com
jun/2007