Sou aquele sal da terra
E você sabe quem sou
Sou a voz que a fé encerra
Ela está onde eu estou
Eu também tirei da terra
O tal homem que findou.
Minha vida eu não perdi
Pois sequer essa era minha
Simplesmente eu devolvi
Era tudo o que eu tinha
Mas por isso eu não sofri
Pois pra nós a morte é linha.
Tive muitas aventuras
Mas vivi de forma pura
Nunca tive desventuras
Mas vivi na conjuntura
De uma forte estrutura
Que sequer tinha cultura.
Sou também o sentimento
De quem tem o próprio ser
De quem vive o seu momento
Procurando ser seu ser
Que sequer em um momento
Ficou sem nada fazer.
Eu somente prego a paz
Muito pouco sou ouvido
Violência não me apraz
De amor sou imbuído
Sempre quem a guerra faz
Já partiu sem ter morrido.
Sou ainda a dor do justo
Que chegou ao seu momento
Que não tem exposto o busto
Pois caiu no esquecimento
Mas, contudo, é um augusto
Pois venceu o próprio tempo.
Sou o sal que não amarga
Mas tempero a sua lida
Não sou fardo ou uma carga
Mas de ti sou a guarida
Minha luz jamais embarga
Pois dou luz à sua vida.
Vivi muitos sentimentos
Sem viver contradições
Aprendi ouvir lamentos
Aprendi pregar sermões
Dei alívio aos sofrimentos
Conquistando corações.
Sei que fui um homem pobre
Filho de um carpinteiro
Mau pai foi um homem nobre
Foi leal o tempo inteiro
Mesmo o solo que o encobre
Tem no seio um verdadeiro.
Minha mãe, mulher de luta
Muitas vezes criticada
Foi chamada de estulta
Por com velho ser casada
Mas no fim dessa labuta
Foi por Deus condecorada.
Meus irmãos que conheci
Que viveram junto a nós
E dos quais eu exigi
Que ao falar baixassem a voz
E pros quais eu repeti
Meus irmãos são todos vós.
Se o pai Deus não existisse,
Não teria dado vidas
Aos milhões que eu não disse
Com as vidas tão sofridas
Pra que a sorte se cumprisse
Nessas vidas repetidas.
Renato Lima
renatosouza1947@gmail.com
Data de criação: 26/03/2007