A paixão de todo escultor!
Findo seu esforço, contempla a obra
Maravilhado, encantado, satisfeito com
Seu trabalho. Mostra-o a todos
De sua laia, que dissimulam-se impressionados
Esculpida diretamente da pedra bruta!
A perfeição, a imponência, a impassividade de seu rosto!
Obra de um verdadeiro mesyte!
Cada curva de seu corpo, cada milímetro
De sua pele, pálida como a lua, perfeita, uniforme
Revelam a mais plástica realidade
A paixão de todo escultor!
Mesmo o pedregulho mais denso, em suas mãos
Tem a fazendo de água:
Toma qualquer forma desejada, mas de modo que
Uma vez atingida a perfeição definitiva,
Nunca mais voltará ao que fora
E alguma vez, já se perguntou
Como fora? Como teria sido?
Não se lembra?
...
O que passou a ser?
Engana-se, pois olha para nós e troça,
Exibindo sua beleza falsa
Porém ao observar em seu interior
Não enxerga nada além de pedregulhos
Brutos, rústicos, disformes, obscuros
Pontiagudos, manchados, inacabados
Como era antes? Foi nisso que se tornou?
Mas...na realidade, não importa
Basta continuar fingindo que não se preocupa
E continuar olhando, com seus olhos fixos
Para o vazio...para o nada...
Espaço que ninguém ocupa...
Espaço sem dono.
Por: Augusto Ferraz Costa
data de criação: 20/02/2009
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