Na banda de cima
Um espectro sorve o abacaxi etílico
Ri de mim, que preso na estupidez lúcida
Admiro que a dobradiça virou borboleta.
Numa parede pichada pela arte vândala
Contemplo a solidão de buscar do improvável
Perder-me nas pintinhas do teu rosto malicioso
Da tua vulva que me engole na madrugada adiada
Na serenidade do teu sonho
Devorando com meus olhos entreabertos
Tua carne branca
Rugirei rachando as paredes do teu quarto
Na rua a lua ofusca a fantasia da fumaça verde
Naquela noite que poderia ter sido
Te espero lá fora, você ri de mim
Estou preso na lembrança...
Lembrança que o abacaxi faz-me esquecer
Tudo posso, menos contemplar o louco que espreita
De mesa em mesa, ansioso para não acordar
Dormimos o sono da mediocridade
Na Banda de Cima
Osório Gressler
osorio.luiz@terra.com.br