Se não houvesse amanhã
O progresso não viria
Não haveria manhã
Muito menos novo dia
A vida, sendo ou não sã,
Para pouco serviria.
Se o amanhã findasse
Não haveria passado
Se alguém assassinasse
Ou se tivesse furtado
Mesmo se muito amasse
Tudo seria acabado.
Se não houvesse amanhã
Para que então viver
Uma vida de afã
Na qual só ha padecer
É melhor vida mal sã
Com boa fortuna ter.
Uma vida de orgia
Seria a recompensa
Para nada serviria
Uma vida em que se pensa
Em ter sempre um novo dia
Que no fim nada compensa.
A nota do jornalista
A ninguém convenceria
O saber da normalista
Ela não ensinaria
O pensar do enxadrista
Para nada serviria.
A fruta lá na floresta
Madura nunca estaria
A bebida indigesta
Nunca se conheceria
E o cantor da seresta
Também não se ouviria.
O sol nunca nasceria
Madrugada não viria
O galo não cantaria
Luar não existiria
A vida pouco seria
Duraria só um dia.
As flores não nasceriam
As aves não voariam
Animais só caçariam
Mas jamais saciariam
Pessoas não dormiriam
E também não amariam.
O amanhã é para estudo
Do que se inventa agora
Onde alguém diz saber tudo
Sobre o que está por fora
O que está dentro, contudo,
Fica para outra hora.
Amanhã é novo dia
De sucesso ou de fracasso
Ele acalma a agonia
De quem perdeu o compasso
No baile de fantasia
Onde a vida pisa em falso.
É a palma pro vencido
Descanso pro lutador
Aula para o instruído
Lousa para o professor
Perdão para o arrependido
Pausa para o pecador.
Ele é a parte da promessa
De que ha outra morada
Nele o viver não cessa
Continua a caminhada
Toda vida recomeça
Para mais uma jornada.
O amanhã é nova vida
Para quem está perdido
Se não encontrar saída
Do caminho percorrido
Se a vida é subtraída
Não ficará esquecido.
Finalmente o amor existe
Pra mostrar que o amanhã
Mesmo ao dia preexiste
Pois Deus criou a manhã
Isso tudo é o que consiste
Sermos de Deus uma clã.
Por: Renato de Souza Lima
renatosouza1947@gmail.com
data de criação: 05/02/2009