Lembro-me da ''voz do outro mundo''
do "Repórter Esso."
E essa lembrança tem o mesmo poder
transportador da xícara de chá de laranjeira
do poema intitulado A INFÂNCIA TERRÍVEL DA ARTE,
entenda-se a capacidade
de me levar de volta à Terra do Nunca
e de me pôr cara à cara com o menino
incorreto e recusado que eu fora e que, já naquele tempo,
era um cisne-que-não-se-sabia-como-tal
e por isso todos os patos do quintal
e também os próprios cisnes
o angustiavam, chamando-o, recusativos,
e com requinte de indizível crueldade,
de ''o estranho passarinho que saíra do ovo retardado
que a velha cegonha míope, distraída
e esclerosada houvera, na certa, apanhado, distraída,
do ninho descuidado sabe Deus de que espécie inusitada
de ave noturna e empardecida...
joselindomarcabraldacosta@yahoo.com.br