(Para Raquel Atique)
Decerto a palavra vazia
encerra o ciclo da poesia
É som alto porém inaudível
espectro cármico arisco contínuo
Faz-se luz nula que anula do pôr-do-sol
a beleza que emana
É pensamento impensado
Ação que descerra um ato
por si só inútil ou sequer começado
Descei cortinas ao palco
Sobes óh ancora da magia
encerrai num mesmo ato
a sofreguidão da poesia
Matai aquela que reserva alegria
revivei a dama negra do abismo
com quem sonho nos meus mais áridos dias
Vejo-a esguia, longas unhas, belas pernas
retorcendo-se em redondilhas
nas quais numa rima franca cismo
Em declarar-me escravo fiel dessa musa poesia
marceloadifa@yahoo.com.br
23/12/2006