Não preciso de fingimento pra dizer...
Eu digo...
E dizer, pra mim
é sinônimo de viver intensamente
na noite ilegível da escrita
tudo aquilo e mais uns quilos
que a vida propriamente dita
entregou-me ou me furtou...
Eu não brinco de poeta:
é dor
e não Fernando em Pessoa
a dor que, de fato, sinto...
Não minto...
Sou profeta?...
Tudo que tenho a dizer aos meus provocantes
mas,assustadiços,desafetos
é que o voraz autofagismo desses versos
sinceros que me escolhem como autor,
doi de verdade:
Enquanto escrevo vou perdendo
para um abutre quase literal pedaços metafóricos,
porém dolorosos
desse fígado que me costuma me chamar
(não sem humor, não sem dor)
de Prometeu acorrentado à Poesia...
E quem sabe(?) talvez seja também por isso
que meto tanto, tantíssimo medo principalmente
nos poetas psedos
medo sentido e nã-fingido: meus amigos,
quase todos não-poetas,
têm dos versos que escrevo
o mesmo sentimento estremecido e amarelo
que os pais deles
nutriam por Virgínia Woolff, por exemplo...
Quer saber de + a coisa, papai, seu navalha
amolado de uma figa(?)
se a Sílvia Plath fosse sua filha
teria lhe chamado
de canalha,
de autor de Mein Kampf...
joselindomarcabraldacosta@yahoo.com.br
17/09/07