Sou sombra na noite densa
Mero espectro de luz
Sou aquilo que não pensa
Dou a paz que a Deus conduz
Sou a voz da consciência
Sou o raio que reluz.
Sou tal pássaro ferido
À procura de um ninho
Se isso não faz sentido
Não me faz sentir sozinho
Sou de amparo desvestido
Vivo só sem ter vizinho.
Vivo a paz da ilusão
Vivo o sonho do querer
Passo a vida em solidão
Para a saudade esquecer
Sou carente de um pão
Sou sedento de saber.
Sou amigo da união
Um amparo pro antigo
Sou reserva de milhão
Para quem quer um amigo
Sou fogueira sem carvão
Sou da guerra um inimigo.
Sou escravo do amor
Que mantenho pelos meus
Consegui vencer a dor
À ganância dar adeus
Consegui ter mais valor
Dando tudo para Deus.
Tenho muita simpatia
Pelas coisas do passado
Tenho imensa alegria
Quando ganho um livro usado
Reconheço a ousadia
De também ser iletrado.
Todas as coisas do passado
São extensos pormenores
Das vitórias do Estado
Sobre povos bem menores
Contadas só por um lado
Crendo os vencidos piores.
Dão à guerra ares de nobre
Dão às armas o vil poder
Aos homens valas de pobre
Aos governos o seu viver
Aos soberbos mais esnobes
Dão migalhas de saber.
razem também a lembrança
De tudo aquilo que fomos
Nos faz ver que nessa andança
Mostramos tudo o que somos
Nos faz ver que a temperança
Sempre evita muitos danos.
Nos traz de volta ao presente
Mostrando a realidade
Nos faz ver como se acende
A fogueira da maldade
Mostra que a incompetente
Não é sempre a vaidade.
Nos faz ver que a sepultura
É o que temos de mais certo
Não escolhe a criatura
Tampouco quem está perto
Não se extingue com a cultura
Também leva o mais esperto.
O passado é o caminho
Que partimos do início
Temos de seguir sozinho
Levando o nosso suplício
Mesmo sendo de espinho
É o nosso compromisso.
Por Renato de Souza Lima
renatosouza1947@gmail.com
data de criação: 05/12/2008