Por que não vens cá pra casa?
Tua candidez me consterna.
Não és mais um destes fulgores
mofinos, dos quais minhas quadras já estão impregnadas.
Mais uma das que me ponho a contemplar,
idear a vida desregrada e impudica
pelas olheiras oculta.
Tu és diferente, ilibada,
porém chistosa, acanhada.
Contrastas com as rameiras impudentes pelas quais já fui arrebatado.
Pela primeira vez não és uma demi-mondaine,
Mas uma instigante amásia.
Uma que me farás sofrer,
mas a quem eu farei, com minha altivez.
Vem cá pra casa.
Deitaremos no tapete da sala,
Cursarei minha atmosfera sobre teu
feitio delirante.
Vem logo cá pra casa.
Já não posso te esperar.
Se não vieres logo,
Outro amor hei de emplacar.
E tu poderás chorar se assim ambicionares.
Chora, se quiseres.
Fulgor efêmero
Igor Cunha
igor@acessa.com