Há mendigos que pedem nas ruas de Paris
Arrastam-se e arrastam o contraste de uma civilização
Pisam o solo que lhes pesa que lhes sobeja
Vestem roupas que são trapos e que não lhes tiram o frio
E tiram o frio com a garrafa que trazem guardada
Outras vezes expõem a bebida para gozo dos que passam
E falam e parecem satisfeitos conformados
Mas olhá-los dá pena e faz mal ao coração
Andam em grupo mas ser mendigo é ser antissocial
É estar contra, é estar mesmo contra si
É um meio de luta é lutar sem nada fazer
É ser pássaro solitário voando sobre as trevas
É voar sob influência da escolha que fizeram
É estar sem estar num lugar sem lugar
É ser pobre é ser rico é não ser
É assumir uma realidade adversa?
Veem-se mendigos muitos mendigos em Paris
Falo em Paris porque me espanta ver mendigos e tanta gente a passear cães pelas ruas
Cães que são qualquer coisa luxuosa e de companhia
Cães que deixam as ruas em estado de perigo
(Ainda ontem vi escorregar e cair uma menina que ficou cheia de merda de cão)
Cães que guardam a intimidade dos seus donos
Que lhes retribuem e só lhes compram coisas caras
Roupas novas comida tratada assistência médica
Nada falta a esses seres que nem sequer são sagrados
A esses cães de vida descaminhada
A esses meninos do mimo dos familiares
Que são gente de uma visão animalesca
Que são gente que não vê que está a ser desumana
Que é gente contra tanta gente a morrer de fome
Que é gente estabelecida e morta no tempo
Que é gente inconformada mas sem tempo sem tempo
Que é gente a mastigar o tempo e a provocar congestões
Congestões que fazem vitimas aos milhares
E aos milhares morrem em cada dia que passa
Crianças adultos homens e mulheres
E não param de passar os dias assassinos
Os dias de uma civilização doente e com os pés na cova?
am136858@gmail.com
19/08/2015