Detesto a escrita sofredora,
masoquista e cabisbaixa dos poetas
que tratam seus cotovelos doridos
como se os mesmos fossem o próprio
umbigo do mundo...
Minha gente, sem essa de doer à toa,
de umidecer os olhos
por qualquer dá cá aquela palha!...
Se o sofrimento não me fornecer
por exemplo
o jato metafórico de areia
de que preciso para tornar-me
paradoxalmente terno, diamantino
e altivo, eu o recebo com tiros,
tiros esferográficos, mas tiros
ainda e assim mesmo, como se o dito cujo
fosse um mensageiro dos monstros
escamosos, ocultistas
e de línguas bifurcadas para os quais
trabalham informalmente os matadores
de aluguel e os alugados asssasinos formais
da quase invisível
e automatizada polícia política.
Por José Lindomar Cabral
cabraldacostajoselindomar@yahoo.com.br