Olhe a depressão de Carnaval aí, gente!
Enquanto quase o Brasil inteiro está contente...
Eu fico chorando sem nenhuma fantasia
As alegorias que perco dia após dia!
Durante todo o ano visto a mesma vestimenta:
Uma mistura de bobo da corte com palhaço...
Por causa do governo que me atormenta...
Afinal não tenho nervos de aço...
No final de fevereiro e no começo de março...
O governo se disfarça de Leão, o rei...
Mas no fundo, a fantasia, é de fera do desgosto...
Porque pagar um caro e triste imposto...
É a mais angustiante e duvidosa lei!
Dizem que o Brasil só funciona depois do Carnaval...
Assim a quarta-feira de cinzas abraça a realidade...
Transformando a purpurina em pó celestial...
No túmulo secreto e calado da verdade!
Os papéis de dívidas pagas e abatidas...
Transformam-se em confetes e serpentinas...
Em músicas maliciosas e atrevidas...
Nos rebolados das passistas pequeninas!
Só que minha serpentina...
É metálica como o luar...
Pode dar choque na menina...
Quando o trio-elétrico passar!
Sou um pierrô atrás de colombinas...
Com a lágrima da depressão na cara,
Que foi desenhada com purpurinas...
Que vieram de uma estrela rara!
Olhe a depressão de Carnaval aí, gente!
Enquanto quase o Brasil inteiro está contente...
Eu fico chorando sem nenhuma fantasia
As alegorias que perco dia após dia.
Luciana do Rocio Mallon
corepoesia@yahoo.com.br
4 de Março de 2011