Eu a ti devoto todos meus bons dias,
Todos os maremotos e más companias.
Teu perdão expira nesta quinta-feira;
Todos teus espinhos, todas tuas asneiras.
Como que devoto de uma seita insana,
Peco por ser louco inexperiente.
Mas se, derrepente, foge-me o rumo,
Largo-me no curso de um discurso ôco,
E não foi por pouco, nem por quase nada,
Que perdi o prumo nesta caminhada.
Por florestas virgens e passeios públicos
Foste minha caça e minha paquera,
Meu raio de sol e meu delírio lúdico.
Imperioso e austero
Fosse numa tasca, fosse num palácio.
Imprimí ao corpo o inconsequente rastro,
E, quando volto, penso que não fora ainda.
Tão doce é a vida e tão doces seus frutos,
Que é como um insulto se pender no tempo.
Mas, desde o momento em que mergulhei no nada,
Me esquivei do vento e voltei pra casa
Feito um penitente mui desaforado.
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