|
|
|
Mazelas do Progresso - de Antonio Gaia |
|
|
|
Traz o remo Maria; Tira a canoa do Furo; Vamos vê a rede e buscar o matapí. Filho, trança a peconha E apanha o açaí; Faz o sinal da cruz E reza antes de ir; Cuidado com a surucucu; O hospitár ta longe daqui! Maria faz o feijão; Pro mutirão do compadre João. Vai cuidar dos xerimbabos; Depois vai com nós pro roçado. Cuidado com os espinhos; Não vai demorar no caminho! Vamos encarar a labuta! Neste sítio pra viver e de luta! Do esforço que vida resulta; O progresso não dá nossas custas! O partir das terras, nos loteamentos; A educação, o desenvolvimento; Caminho de concreto no Guamá; Ainda não traz contentamento. Melhoramos na amplitude, sim, do sofrimento! Mataram o Tio Bento: Só pra levar o pouquinho do aposento! Queríamos o crescimento com segurança e não com este lamento! Dá licor pras crianças! Põe mais velas no oratório; Levaram o forno e a farinha do retiro do Tio Ozório! A região do nosso céu agora parece um purgatório! Cartucheiras, enxadas, machados e terçados: Sujos de sangue! Não serve pra caçar nem pro roçar! Ameaças de assaltantes nas vicinais! Cuidado Maria; Cuidado Joãozinho! Agora há estupradores em quase todos os caminhos! Só anda acompanhado não vai andar sozinho! Apavorante pôr-do-sol! Onde esconder a embarcação? Nas águas de todo lado; Vêm os piratas! Capitão! Mas, nossas esperanças são muitos projetos pra Nação; Quase todos nas mesas do Estado; Por aqui não passam não!
perito1@r7.com 2009 |
|
|
|
|
|
|
|