Se fico tenho medo. Se saio sinto frio. Sua cobiça é o meu desejo. Não é obsceno estar contigo.
Um pós-fim: o recomeço, a dor sem explicação. Estou guardando o seu segredo até que mude a estação.
Cruzando ruas sem destino eu procuro me perder, pra que tudo se transforme.Pra que eu possa perceber que esse mundo uniforme de onde eu não queria voltar. Lá, eu tinha seu ombro onde eu podia chorar.Lá, eu era os seus planos. Sentia o teu coração. Eu era o força do tempo e o vôo de um nobre falcão. Eu tinha uma casa branca, nossos filhos e o seu contentamento. Eu via sua alma branda. "Eu era a força do tempo" .
Amávamos com veemência.Brindávamos o nosso repouso.Abolíamos qualquer plangência. Um cuidava do outro.
Vinde à mim seu corpo belo.
Instrumento do meu prazer.
Vinde à mim o nosso elo
ilibado por ninguém.
Ancioso eu me despesso.
Nódoa do nosso bem.
Entre devagar, mas não avise.
Unissonante seu canto.
Talvegue ainda impoluto.
Esse amor sacro e santo.
A singela sinfonia.
Mesuria e mestria.
Onisciência e acalanto.
14 de maio de 2004
fabiano_amorym@hotmail.com