Eu também li Defoe
Quando ainda era verde
E a casa de Irene, minha mãe
Tinha choro por vinho
Ambos os Scot (Emulsão e Fitzgerald)
Biotônico Fontoura
Palmatória onisciente de miolo de aroeira
E medo, muito medo
Da onipresença de papai
Com aquele seu jeito amolado
De navalha
E o bigodinho canalha
E ridículo
Como o bigode grotesco e indecente daquele
Rothschild bastardo e gillette
- o autor de Mein Kampf...
E confesso que também achei bastante
Comprida ou quase infinita
A história do Robson Crusoé,
E naquele momento nem me passou pela cabeça
Que eu teria história
E que a história da minha vida
Além de mais comprida do que a do amigo de Sexta-Feira
Seria ainda mais finda
E bonita do que a de Drummond
Porquanto o Deus que o desamparou,
Mesmo sabendo que ele não era forte
Mesmo sabendo que ele não era Deus,
Deu-se a conhecer pra mim,
me adotou
E me ordenou que eu coma... beba... escreva...
Porque mui longo me será o caminho,
E que a Morte não me fará passar
Pelo gume de prata de sua foice,
Pois eu hei de ver, me prometeu o Eterno,
Jesus Cristo aparecer no carro de fogo
Em forma de nuvem
Para socorrer os vencidos, dentre estes, eu
Que, como poeta, não me canso nunca
Insistentemente de dar à derrota o meu testemunho...
23/01/08
joselindomarcabraldacosta@yahoo.com.br