Quando bate a modorra,
reluto incançavelmente
para não sucumbir á efêmera morte diária
a que me impõem os contínuos breus dormentes,
os quais me fazem jazer sobre a cama
do esteio da velha solitude teimosa
que comigo aporta nesta alcova nova.
porque quero muito ficar
ao sabor do fraternal masoquismo
dum recente relicário
de rios que inexplicavelmente sem sentido se esfumaçam:
afinal sem saber-se refluentes.
Sem saber se exatamente poderão talvez um dia desses
voltar á sua congênita forma.
No entanto, eu bem sei: eles não são molas!
Ah, me pego subitamente
afogando-me nas águas profundas do divagar
onde alfobram o titanismo
e seus devotados miasmas garridos.
Entretanto, uma vez mais,
para o quarto retorno. Me fixo na janela
a contemplar o fluir e o refluir das relíquias fraternas
que, na estrada saudosista da memória, perpassam lépidas.
Sim, então, sob o peso da dor, sobre o leito, desmaio.
Com efeito, sob o peso das águas que não jorram,
no catre, eu mortamero cansado!
Cansado de olhar o rio que corre. Corre cheio de desapego:
desapego ao passado ainda tão claro.
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18/01/006