Era velha minha tapera
Que ficava ao pé da serra
Minha herança no sertão.
Hoje não tenho nada
Só a saudade no coração!
Olhei em volta,ví meu roçado
Assolado pela seca
Vendí o que sobrou do gado
Dízimado pela fome.
Soltei o cachorro magro
Que eu nunca dei um nome.
Tranquei a janela empoeirada
Enrolei a gasta rede
Ví minha família num retrato na parede
Maínha me sorrindo!
Meu pai desanimado...
Perdeu a fé na vida
Partiu tão breve,pobre coitado!
Para fugir da mesma sína
Abandonei o casebre,apressado.
Na porta botei ferrolho e tramela
Para não correr o risco
De voltar pra dentro dela.
Batí com força a cancela
Montei ligeiro,meu alazão
Na verdade,era um jumento
Mas naquele momento
Saiu voando pelo sertão!
Minha vida na cidade
Foi só consumição...
Tem muita gente que tem tudo
Mas não reparte o pão
E aquele que tem fome
Come o resto no lixão!
Dízem que sou indigente
Um retirante errante,atrás de ilusão...
Sou é um nordestino valente
Sobrevivente neste mundo-cão!
E tenho uma tapera
Lá longe,no sertão...
Onde eu só tenho um nome
E esse nome;
É só joão!
monica.silva-2006@hotmail.com
20-08-2007