Não estava blefando ao afirmar
Que meu caminho inóspito e inseguível
É simultaneamente o da águia
e o do nirvana...
E enquanto a manada sonâmbula
E hipnotizada se deixa tanger,
Sem estouro, eletronicamente
Principalmente eletronicamente
Para o matadouro,
Eu, que sou detestado pela falsidade
Da modéstia, completamente fora
Do transe, nado, contente, contra
A correnteza, rumo às cabeceiras
Que se chamam Grécia, Mesopotâmia,
Judéia, Oriente do Alto...
Nunca vou por onde os outros vão...
E mesmo quando faço, sarcástico,
Convites do tipo “sejamos alegremente
Desesperados,” estes, tanto no fundo
Quanto no raso, não passam de gozação
Uma vez que já sei de antemão
Que o gado preferirá o açougue...
Dirijo verbalmente sempre pela mão oposta...
O mesmo Caetano Veloso que hoje bajula
“CANTEIROS” uma vez declarou altaneiro
Que achava Fagner uma bosta...
Eu nunca perco uma aposta...
E quando jogo, a arquibancada
Vai logo percebendo, atônita,
Que não estou jogando pra ela...
Sou muito solidário com os vencidos...
Jamais perdoarei Apolo
Pelo esfolamento de Mársias...
Por causa do esfolamento
De Mársias, tornei-me
Seu arquiinimigo
E das Ninfas também,
Aquelas prostitutas safadas, nepóticas,
Corporativistas
Que rodam bolsinhas nos bosques...
26/11/2007
joselindomarcabraldacosta@yahoo.com.br