Quero viver, tranqüilamente,
como as flores,
sem levar saudade
das primaveras,
quero somente ter
a felicidade
de alcançar o infinito
e, num mundo de cores,
renascer.
Quero viver como as nuvens,
refazendo minhas formas
no espaço,
levando esperança a todo canto,
quero me abrigar desse cansaço,
morrer, vivendo,
sem nenhum espanto.
Quero viver como os rios,
que, livremente, se dão aos oceanos,
que se lançam, sem temor,
arrastando mágoas, desenganos,
quero levar por vilas e cidades
enchentes de amor.
Quero morrer como as manhãs,
sentido o despertar de cada sol,
quero a luz do dia penetrando em mim,
mostrar ao mundo inteiro,
fazer crer que morte não é o fim.
Quero ser manhã
para ser capaz de anoitecer.
i.boechat@terra.com.br
1981