Inventei as palavras necessárias e esconjurei com elas os fantasmas da nossa solidão abri portas a medo e de manhã bem cedo andorinhas poisaram-me no colo Não se afugenta a dor quando sombria pela calada a horas mortas vem afastar as cinzas e deixa a descoberto o lume da ferida que não fecha À torre de cristal não chega o vento em seu jardim de gelo flores de eterno inverno renunciam ao sol e frutos adiados sucumbem nos cálices de marfim Sinos repicam argentinos na páscoa das palavras e nas ruas floridas da cidade onde as fontes não secam há mensagens no ar o dia todo inventadas pelo riso Eis a invenção do homem que outro homem inventa mais que pedra de sílex mais que fogo onde houver a palavra a alma espera que o sonho cubra o mundo com as asas
anterosousa@netcabo.pt 2007 |