Brasil grande que ao nascer
Logo foi abençoado
Entretanto não quer ter
Tanto sangue derramado.
Suas filhas não suportam
A viuvez prematura
Seu órfãos já não agüentam
Tanta injustiça futura.
Seus melhores justiceiros
São ferozes assassinos
São algozes faroleiros
Que mutilam os seus meninos.
Não se perca nos sargaços
Por favor, proteja a paz;
Não amarre com cadarços
Aquele que o amor traz.
Foi terra de um rei incerto
Assim seu mapa traçou
De amor virou deserto
Onde a flor da paz secou.
És país grande, potente,
Grandes rios e solo nobre
Tem também povo doente;
Sem letras, faminto e pobre.
Tu tens enormes segredos
Entretanto pouca história
Tem um futuro de medo
De Medida Provisória.
Seu congresso luxuoso
Retrata um duro percalço
De servidor orgulhoso
E povo roto e descalço.
Ao seu súdito galante
Oferece sempre mais
Ao povo que o garante
Quase nada, isso é demais.
Para nós será melhor
Não nos pregar tanta peça
Teu povo sabe de cor
Aquilo que lhe interessa.
Embora de grande porte
Tem também contrastes mil
Muitos dos seus não têm sorte
De viverem no Brasil.
Sou fiel ao meu país
A quem credito o que sou
Também lhe mostro a raiz
Daquilo que a dor plantou.
Seus índios não têm a terra
Seus caboclos nus estão
Seus negros estão em guerra
Por um pedaço de chão.
O europeu branco e forte
Com coragem aqui chegou
Em busca de melhor sorte
Que nem sempre encontrou.
Há obreiros sem a terra
Muita terra sem labor
Dura verdade que encerra
Gabinetes sem valor.
Nas cidades onde estão
Os excluídos da terra
Sequer são dono do chão
Que o corpo dos seus encerra.
Brasil que acolhe ateus
E do evangelho é pátria
Não obrigue os filhos seus
A serem homens sem pátria.
Não permita ao filho seu
Cair fulminado à bala
Se lembre que o Galileu
Foi amor em sua fala.
Se lembre que há um Deus
Pra julgar os seus pecados
Proteja a vida dos seus
Para fugir dos forcados.
Cuidado com os excluídos
Que hoje vivem ao relento
Seus sentimentos doídos
Podem mudar com o tempo.
Por: Renato Lima
data de criação: 26/07/2006
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