Esta é a época da traição.
Dos covardes reverenciados.
Dos herois crucificados.
Dos traidores louvados.
Esta é a época das nulidades exaltadas.
Das tolices elevadas.
Época onde os tolos comandam.
Mandam, obtêm êxito
nos lugares no qual jamais chegariam.
Esta é a época onde as ruas são sarjetas
e a criança brinca sendo adulta sem saber.
A descrença é o vibrante eco.
Esta é a época em que criminosos são herois.
O delator ganha espaço e aplauso.
O cavalheiro é execrado.
O amor desprezado.

Que época é esta onde a tristeza torna-se fato.
A alegria exceção. A dor atinge os justos.
Os fracos são oprimidos. A ilusão ocupa destaques.
A pílula substitui o prazer.
A solidão impera na vida?

Esta é a época onde a justiça
nunca chega aos carentes.
Onde a fidelidade é proibida,
a lealdade é inimiga, a fraternidade não existe.

Que época é esta?
Onde o amigo, de súbito, torna-se inimigo,
sem motivo aparente, sem qualquer razão?
Que época é esta?
Onde tentam matar os puros de espírito,
de coração, dando destaques para os impuros?
Esta é a época onde o ser humano,
conscientemente, perdeu o senso
dos valores morais e materiais.
Da destruição ambiental,
dos horrores que afligem as populações pobres.
Que ri da miséria humana
com sarcasmo e indiferença.

Esta é a época
onde os nobres perdem a nobreza,
os pobres a consciência,
os heróis desaparecem,
os sonhos se dispersam.

Época da solidão d’alma,
da informação inconsequente,
da inversão valorativa.
De homens imaginando-se Deus.
De Deus se apiedando dos seres
decaídos, perdidos, sofridos.

Esta é a época, também, da esperança,
do abrir a cortina de um espetáculo
jamais visto pelo homem.
Época daqueles que acreditam, ainda,
em um mundo melhor, simples, integrado pela fé,
pela busca dos que ainda se mantêm firme
na luta pela felicidade de todos.
Dos que jamais tiveram ilusão
com os que buscam apenas viver.
Dos que acreditam em valores espirituais.
Época onde os fortes possam sobreviver,
a honestidade possa ser apenas virtude,
os imorais possam ser derrotados
em seus valores, suas conquistas.
 
Trecho do Livro O Poeta.com
Autor: Ladisael Bernardo