|
Irimar, o favelado, Só queria conhecer o mar. Ver as praias, as ondas do mar. Era jovem, forte, sonhador. Sonhava em mudar de vida. Ter um som para ouvir. Um violão para tocar. Uma namorada para amar. Irimar, um sonhador, Queria ser Doutor, Quem sabe um velejador. No seu barraco, Não tinha luz. Nem lareira, Televisão ou geladeira. Não tinha piso. E claro, não tinha janela. Vivia na favela. Saiu para trabalhar. Desceu a ladeira. Quando houve um tiroteio. Entre polícia e bandidos. Uma bala perdida atingiu Irimar. Então, caído na sarjeta. No meio da chuva. Começou a correr o sangue. E correu até o riacho, Que correu até o rio, Que correu até o mar. E Irimar, não viu o mar. Morreu antes de viver. Tornou-se estatística brasileira. De jovens que morrem cedo, Sem nunca ter vivido. Só o sangue de Irimar, Conseguiu conhecer o mar.
|
|