Bem vindos à Opoeta.com ... Ladisael Bernardo

Poesias Autorais



   A ilha

 O mundo é cheio de ilhas. Porém, nem todas ilhas são iguais. Tal, como nós. A ilha chamada Ramis, no oriente, vivia Jhá, um pescador que sonhava em compreender o mundo. Gostava de olhar as estrelas. Apreciava a beleza do mar, intensamente verde. Certo dia, olhando fixamente para o horizonte, observou um ponto pequeno distante do local onde vivia.

    Passados 20 dias Jhá resolveu construir uma balsa, que flutuava com os cocos da praia onde morava. Abasteceu com água e alimento e rumou em direção ao ponto negro que tanto admirava. Saiu logo cedo. Enfrentou marolas gigantes. Até que ao entardecer avistou uma ilha enorme.

    Após muito esforço, conseguiu aportar na praia deserta do lugar estranho, que tanto sonhou alcançar.

    Na primeira noite, descansou, apreciando a beleza do lugar, com tantas estrelas no céu. Ao acordar, surpreendeu-se, pois não havia qualquer pessoa na praia. Conformou-se, imaginando que a ilha onde chegou era como a sua, deserta.

     Após alguns dias, resolveu conhecer o local, arrumou mantimentos e água, decidido, embrenhou-se pelo interior da ilha.

      No primeiro dia, descobriu aves maravilhosas. Riachos, plantas que jamais havia visto. Animais estranhos aos seus olhos. Até que cansado, resolveu descansar para no dia seguinte continuar caminhando pelas montanhas. Foi quando, subitamente, avistou um lugarejo com algumas cabanas. Alegre caminhou até o local.

   Jhá, passara vários anos em absoluta solidão. Desde a morte de seus pais – ocorrida 15 anos antes -, que não conversava com ninguém. Para ele foi agradável ver novamente seres humanos. Foi logo recebido por um senhor idoso, que se aproximou dele, bastante amistoso. Apresentaram-se. O ancião convidou Jhá para conhecer os outros moradores da aldeia.

     O velho anfitrião, de tez escura, queimada do sol, explicou para Jhá que há muitos anos partiu da ilha o pai dele acompanhado da sua mãe e não mais retornou. Imaginaram os moradores que ambos tinha morrido no mar, uma vez que ninguém no lugar ousara enfrentar o mar bravio.

     Aconteceu que Jhá, adorou o lugar onde viveu seus pais e antepassados. Integrou-se na aldeia, conheceu Ilá, um moça de beleza impar, apaixonado-se rapidamente, casando-se em menos de um mês.

     A aldeia era composta por 600 pessoas aproximadamente. Viviam de forma tribal, com equipamentos rústicos. Vestiam-se, com parcas roupas, retiradas das folhagens de cocos. Alimentavam-se da pesca e caça local.

     Jhá gostava de aventurar-se pelos locais ermos e distantes da ilha onde vivia.

     Passado algum tempo, Ilá teve 2 filhos.

     Vivendo conforme o ritmo do local, Jhá estava acostumando-se a rotina da vida. Trabalhar. Nadar. Pescar. E retornar ao lar.Entretanto, certo dia, quando pescava na calmaria das ondas da praia, percebeu que seu destino – outra vez – lhe chamava para mudar de vida. Isto o assustou. Retornou para sua cabana e durante toda noite quase não dormiu.

     Ao acordar, olhou bem nos olhos de Ilá e disse-lhe:

   - Querida, não consigo permanecer mais nesta Ilha, eu preciso buscar conhecer outros lugares. Outros mundos. Outras pessoas.

   Ilá, assustada, respondeu:

   - Querido, eu o acompanho.

   - Não se trata de viver aventurando-se, querida Ilá, sim, descobrir quem somos. O que somos. Ou a verdadeira existência da vida.

   - Eu sei querido. Respondeu Ilá aflita.

   - Você sempre permaneceu aqui na Ilha. Nunca imaginou outro lugar para viver. Porém, eu, no íntimo sei que permanecer parado, vendo a beleza do lugar onde moramos, a rotina do dia a dia, das pessoas que se acomodaram aqui, me entristecem, ou até mesmo me enlouquece.

   - Mas, querido - respondeu Ilá - você não pode viver buscando sempre um lugar para ser feliz, é preciso dar a oportunidade para você mesmo, seja em qualquer lugar onde estiver ou viver.

   - Eu sei meu amar, porém, quando você não é feliz em um lugar, ou mesmo em determinada época da vida, é preciso mudar, é preciso ousar. A felicidade é uma eterna busca de todos os seres humanos. É assim que a humanidade se transformou. Se modificou. Foi assim que eu aqui cheguei, lembra-se?

    - Ah! Querido Jhá, veja como são felizes os outros homens desta aldeia. Adoram seus filhos, suas esposas. Respeitam suas tradições. Envelhecem com sabedoria e saúde. Você não poderia ser igual a todos eles?

   - Eis ai Ilá, a diferença entre eu e os outros. Eu preciso viver buscando ser. Não ser apenas um acomodado na vida rotineira e comum. Minha aventura é a busca da felicidade e da evolução. Do conhecimento, que amanhã, quando aqui retornar, certamente, trazendo estes conhecimentos para essa aldeia, outros serão mais felizes, mais alegres, mas evoluídos. Acredite amor, nós seremos felizes se modificarmos nossa vida. Aqui, todos os jovens já se acomodaram. Os velhos também. Eu sinto que é o momento de modificarmos nossa vida. O homem tem que Ter um pouco de ambição e um sonho qualquer. Não pode é Ter cobiça e invejar o sonho alheio.

   - Meu caro marido, se você está me incluindo neste seu sonho e nesta sua aventura, eu também concordo e farei tudo para que dê certo.

   - Entretanto, Ilá, você terá que me aguardar, pois vou colocar no mar minha canoa e


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