O tempo, meu Deus, o tempo... perdido,
Desperdiçado.

Tentei encontrar o tempo.
Nos primórdios do pensamento.
No âmago da inteligência.
E procurei com paciência,
Fragmentos do conhecimento.
E nada achei.

Verifiquei sua inexistência.
O tempo não existe no cosmo.

Pensei ser apenas uma tolice existencial.
Buscar explicação racional.
Sentir-se objeto menor,
Na grande escala do Universo.
Um mistério a mais.
Apenas uma incógnita filosófica.
Para ser perscrutada.
Analisada.

E vi que o tempo não passa.
Permanece intocado no ser.
Separado.
Dissociado.

Vi que o tempo é mera tolice,
Onde somos os tolos que criamos,
A vida, o sonho, a dúvida.

Quanta criação teórica sobre o tempo.
Quanto desperdiço de idéias.
Quantas fantasias.
E quantas inverdades.
Sobre uma única realidade.
Como nada sabemos sobre o tempo...

Imaginamos um tempo de viver.
E não vivemos tal tempo.

Imaginamos uma vida temporal.
Depois espiritual.
E nada conhecemos.
Para depois morrer,
Sem conhecer o tempo.

Pensamos ser eternos,
E não percebemos a efemeridade da vida.

Criamos o nosso tempo.
Pequeno.
Ínfimo diante da amplidão cósmica.

Pesquisamos nos entulhos da matéria,
O inicio da vida.
Para nada descobrir...
Para nada saber...

É o tempo do mistério da criação.

O grande segredo espiritual.
Divino.
Inexplicável ainda...
Não nos revelado...

E eu me perguntando sobre o meu tempo.
Que sequer sei se existe.

Quem sabe exista um tempo de paz.
Interior.
Sublime.
Não mensurável.
Compreensível ao ser.
Revestido de sabedoria.
Digno de revelação.
Imaginável.
Possível de viver.

E é para este tempo que viverei.